Publicado originalmente no site da Revista Veja, em
16/05/2016.
Morre aos 85 anos o cantor Cauby Peixoto.
Intérprete de 'Conceição' e 'Bastidores' estava internado
havia uma semana em São Paulo por causa de uma pneumonia.
O cantor Cauby Peixoto morreu na noite deste domingo, aos 85
anos. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiori, no bairro do Itaim
Bibi, zona sul de São Paulo, desde 9 de maio, por causa de uma pneumonia.
Remanescente da era de ouro da canção, Cauby se estabeleceu
nos anos 1950 e se tornou o cantor mais famoso do rádio brasileiro, ocupando o
trono que antes pertencera a Orlando Silva. Foi um showman de talento único e
pioneiro ao levar aos palcos o estilo teatral, com exageros vocais e faciais e
o figurino purpurinado inspirado no pianista americano Liberace, como retratou
o documentário Cauby - Começaria Tudo Outra Vez, lançado no ano passado. No
filme do diretor Nelson Hoineff, o cantor fala de tudo, de seu nunca assumido
homossexualismo às joias de seu repertório: Conceição, Bastidores (um presente
de Chico Buarque) e New York, New York.
Caubi Peixoto Barros nasceu em Niterói (RJ), em 10 de
fevereiro de 1931, em uma família de músicos notáveis: filho do violonista
Cadete, sobrinho do famoso Nonô (Romualdo Peixoto), grande pianista que
popularizou o samba no instrumento, e primo do cantor e compositor Ciro
Monteiro. Seus irmãos também se destacaram na área artística: Moacyr Peixoto
como pianista, Arakén Peixoto como trompetista e Andyara como cantora.
Sua carreira teve início em programas de calouros. Em 1957,
tornou-se o primeiro cantor brasileiro a gravar rock: a faixa Rock'n'Roll em
Copacabana, em 1957. Na mesma década, logo após gravar seu primeiro disco,
trocou o Rio por São Paulo para ser o crooner das boates Oásis e Arpége.
Voltaria ao Rio para integrar o elenco da Rádio Nacional.
Cauby logo se destacaria pela voz poderosa que dava brilho a
standards da música americana. A identificação de Cauby com Sinatra, Bing
Crosby e outros intérpretes do "american songbook", o repertório dos
standards americanos, o levaria a tentar a sorte nos EUA. Lá, com o pseudônimo
de Ron Coby, se apresentou em nightclubs e chegou a gravar com o maestro Percy
Faith. Participou do filme Jamboree, nos EUA, cantando Toreador. Insistiu na
conquista da América naquela década, chegando a fazer temporadas de mais de um
ano, e chegou a ser chamado pela imprensa de "Elvis Presley
brasileiro", mas o sonho de uma carreira internacional não se concretizou.
Em compensação, no Brasil, emplacava sucesso após sucesso,
participava de filmes, cantava na noite, nos principais programas de rádio e
televisão, aderia (à sua maneira) aos estilos que iam surgindo e formava a
extraordinária bagagem que o transformou, com quase 70 anos de carreira, em um
dos artistas de maior longevidade na música popular.
Sempre teve admirável versatilidade: fez duetos com Chico
Buarque, Dona Ivone Lara, Luiz Carlos da Vila, Martinho da Vila, Nelson
Sargento, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho e Carlinhos Brown.
Sobreviveu à bossa nova, à Jovem Guarda e outros gêneros que
vieram, e até se adaptou a eles, mas sempre mantendo-se como um monolito
artístico, um santuário musical. Em 2009, gravou um disco só com sucessos de
Roberto Carlos, de quem foi grande amigo - havia então 16 anos que Roberto não
autorizava um artista a gravar um disco só com músicas suas.
Com a saúde debilitada, foi internado várias vezes nos
últimos anos. Em 2000, ganhou seis pontes de safena - e, em um mês, estava
cantando de novo. Em 2015, passou semanas internado por causa de diabete.
(Com Estadão Conteúdo).
Texto e foto reproduzidos do site: veja.abril.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário