domingo, 14 de novembro de 2021

O retorno do disco de vinil

Sérgio Dias. | Foto: Daniel Seiti. 

Disco de vinil no toca-discos, | Foto: Daniel Seiti. 

Publicação compartilhada do site FALA UNIVERSIDADES, 13 de novembro de 2021 

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Clássico, charmoso e encantador, o disco de vinil resgata o romantismo perdido no contato entre o ouvinte e a música 


Sob influência da moda e do cinema, popularidade do vinil voltou a crescer. 


Dados do RIAA (Records Industry Association of America) indicam que sua receita aumentou mais de 16% nos últimos dois anos. 


Também conhecida como LP (abreviação de “Long Play”), a mídia física foi inventada no final da década de 40, nos Estados Unidos, por Peter Carl Goldmark, funcionário da gravadora americana Columbia Records. No Brasil, os LPs chegaram comercialmente no início da década de 50 e se popularizaram nos anos seguintes. 


Até o final dos anos 80, os vinis dominaram a indústria e o mercado fonográfico mundial. A partir da década de 90, com a popularização dos CDs, e em meados dos anos 2000, com o surgimento da tecnologia streaming, as vendas dos discos de vinil declinaram. 


RETORNO DO DISCO DE VINIL 


Fadado ao esquecimento, o vinil recuperou seu prestígio nos últimos anos, acompanhando a dinâmica e o crescimento da onda Vintage. De acordo com a RIAA, no primeiro semestre de 2020, a venda de LPs superou a de CDs pela primeira vez desde 1986, representando 62% da mídia musical física comercializada em território estadunidense. 


“O vinil sempre teve um charme e um glamour desde que ele nasceu. Sempre se diferenciou, principalmente pelas capas e pelos encartes”, afirma Sérgio Dias, colecionador e proprietário de uma loja de discos em Santos, litoral paulista. 


No decorrer dos anos, o comerciante presenciou o auge, a decadência e o ressurgimento dos LPs. Em 2002, Dias possuía outra loja em que também eram comercializados discos e CDs. 


“A época era outra. O vinil não era tão procurado como ele é hoje e o CD estava mais em alta”. Entretanto, com o surgimento do CD-R e das mídias digitais, como o MP3, houve uma queda nas vendas e o comércio fechou em 2006. 


Nos últimos anos, organizei algumas feiras de vinil aqui na cidade. A partir da terceira edição o negócio começou a bombar, sendo até capa do jornal A Tribuna. A popularidade dos eventos foi aumentando e chegou a tal ponto que o Kid Vinil, um ícone do rock nacional, compareceu a um dos encontros. 


CONTA DIAS 


A feira me motivou a abrir uma loja novamente e, há 4 anos, inaugurei a Besouro Discos (atual loja). 


COMPLETA. 


No presente, Dias possui aproximadamente mil discos de vinil em seu estabelecimento, no bairro do Gonzaga. Apesar de toda tecnologia existente para a reprodução de música, como os serviços de streaming, os jovens compõem grande parte dos consumidores em sua loja. 


Além daquele pessoal mais antigo, que sempre consumiu, é surpreendente a quantidade de jovens que se interessam e que procuram por discos. Eu percebo muita gente nova começando e esse público é bem fiel. 


RELATA O SANTISTA. 


A indústria fonográfica caminha junto da moda e do cinema. As tendências vintage não impactaram somente as vestimentas, mas o comportamento das pessoas e as produções no meio artístico. Assim, a adoção desses valores estéticos que remetem à cultura do século passado contribuiu para o ressurgimento do LP. 


Já o cinema e outros trabalhos audiovisuais, como séries e novelas, possuem a capacidade de influenciar “o que” é ouvido.  

 

Segundo o monitoramento realizado pela Nielsen Music, no primeiro semestre de 2019, os cinco discos físicos mais vendidos nos Estados Unidos foram: 

Queen, Bohemian Rhapsody (trilha sonora), (61,000 cópias vendidas) 

Queen, Greatest Hits (49,000 cópias vendidas) 

Billie Eilish, When We All Fall Asleep, Where Do We Go? (47,000 cópias vendidas) 

Trilha Sonora de Guardiões da Galáxia: Vol. 1 (33,000 cópias vendidas) 

The Beatles, Abbey Road (33,000 cópias vendidas) 


Os dois discos mais vendidos nesse período são consequência do lançamento do filme Bohemian Rhapsody, no segundo semestre de 2018. O longa-metragem conta a história de Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, e foi o vencedor do Oscar 2019 em diversas categorias. 


A experiência do ouvinte é diferente dependendo do meio em que a música é escutada. Enquanto o streaming valoriza a quantidade, a velocidade e a praticidade de se ouvir mais faixas e conhecer mais artistas, o LP é capaz de criar uma aproximação maior entre o público e o trabalho, não só do cantor ou da banda, mas de diversos outros profissionais que contribuíram para a produção de um álbum completo. 


O romantismo presente na ação de colocar um vinil no toca-discos e deixar que toda a música ecoe pelo ambiente ao mesmo tempo em que se observa a capa, o encarte – que geralmente contém fotos do artista ou complementa a mensagem transmitida no disco – e as letras das canções, cria um laço mais estreito no elo entre o ouvinte e a obra. 


Você escuta a música e tem aquele contato com a capa, as informações do disco e com o momento histórico em que o artista viveu e fez aquele álbum. É quase como se a banda estivesse ali. 


PONTUA SÉRGIO DIAS. 


A automatização e a instantaneidade na reprodução das diversas faixas de um disco por meio da tecnologia é uma adaptação do ser humano da sociedade atual, em que o tempo das pessoas é supervalorizado e, consequentemente, tudo aquilo que pode poupá-lo. 


No entanto, a volta do vinil pode significar o resgate do ato romântico e tátil no contato com a música. Um período, pelo menos durante o lado A e o lado B, em que o indivíduo possa sair de um mundo acelerado e consiga entrar dentro de uma obra. Um mergulho nas rotações do toca-discos e na sonoridade do LP. 


Por Daniel Seiti – Fala! PUC 


Fotos e texto reproduzidos do site: falauniversidades.com.br 

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